O dia segue
O dia segue nublado como
a tristeza que adormece no peito.
Mesmo em silêncio, ela
tece seus fios nas
lágrimas que correm
pelo rosto, no
verso que desliza
sorrateiro na página
em branco.
Há, na agonia do
tempo que não passa,
a quase certeza de
um amor dividido
entre ontem e hoje.
Laços ainda não
desfeitos são lembranças
tardias de que o
tempo não espera,
mesmo que as horas
fujam no descompasso
de um coração dorido.
São sinais de amores
que mesmo findados
ainda suscitam
recordações e lamentos.
A música que toca
ao lado recria na
casa uma atmosfera
já vivida.
É como se o tempo
fosse cúmplice de
tua partida e,
no dia que segue,
esquecesse um
pouco de minha
própria vida.
Rita Venâncio.