SÓ EU E VOCÊ
No princípio
Era só eu e você,
Eu, você, e mais ninguém!
E toda a palavra dita
Na intimidade do nosso leito
Ajuntou-se uma a outra
Nos versos que compus,
E voaram juntas pela janela
Que por descuido
Esqueci aberta.
A brisa suave da madrugada,
Já cansada de vagar
Na solidão do nosso jardim,
Entrou pelas frestas
Da janela entreaberta,
E perguntou por você,
Coitada! Acostumada
A roubar dos seus cabelos
O perfume do desejo,
Chorou comigo a dor da saudade
Que ficou nos espinhos
Que ela deixou.
Agora sou eu,
Sou eu sem você,
E mais ninguém!
E nem um minuto se passa
Sem que eu chore arrependido
A falta que você me faz.