UM BEIJO
UM BEIJO
Um beijo foi tudo o que tive
Um beijo então foi tudo que restou
Amarelaram-se os dias, embaçaram-se as noites,
Mas a lembrança do beijo ainda não mudou
Negros como a mais sombria parte
De minha alma seus olhos me dardavam...
Alvo seu meu rosto erguia-se altivo e
Mavioso por entre as orlas negras dos seus cabelos...
Róseos e silenciosos os seus lábios
Contemplaram os meus...
Num minuto de silêncio, toda atmosfera
Parou para nós...
Certo é que não fora o primeiro
Nem o último de nossas vidas, mas fora
O único de duas almas embevecidas pelo
Néctar do ludibrio...
Se bom ou ruim, se certo ou errado nada
Disso agora importa...
Posto que teus olhos negros negaram
Por fim os meus... e das coisas
Que passei, e dos planos que tracei nada
Deles a saber lhe dei...
Então por fim na ignorância do meu
Silêncio restou somente a lembrança
Do beijo, aquele mesmo beijo que uniu
Nossas bocas em silêncio...