O MELHOR AMOR DA VIDA
Eu te amei!
E amei com toda a intensidade
capaz de ser contida...
Em meu insensato coração.
Todo pleno de emoção
E foi um amor de graça
Não do fruto da cachaça...
Mas que se grita pela praça
Amei-te de forma inventada,
diria, mesmo, absurda;
Provei que eras a mais querida
Lambi até as tuas feridas
Esquecido de mim,
dinamitando pontes
Fortificando outros alicerces
Fiz de ti a minha messe
Enquanto avançava,
Você só disfarçava...
E eu mais me apaixonava
Ignorando que, na vida,
as coisas não são bem assim
Ligado a ti do início ao fim
Até me ignorei...
Eu te amei!
E cheguei a me atirar
do mais alto trapézio
sem rede de proteção;
Não temi a dor em profusão
Esborrachei-me pelo chão
Sem temer noites escuras,
muito menos, o frio e a solidão;
Machucavas-me sem perdão
Arriscando todas as fichas
num único girar de roleta;
Afiavas o punhal
Para o seu golpe mortal
Passagem só de ida...
Sem direito à despedida
Para um destino incerto
Lá até fiquei descoberto
Oh Deus! Como fui tolo
nesse meu viver confuso,
Retorceste meus parafusos
Perdi até o fuso
Caminho triste e paralelo
ao que sei ser preciso
Agora vivo de improvisos
E a dor chega sem aviso
Pois, me esfacelei mil vezes
e me fiz andarilho solitário
Maltrapilho roto e esfacelado
Pareço um pobre coitado...
Transportei montanhas
e desafiei gigantes
A catar os meus estilhaços
Juntando os cacos
E empreendi cruzadas
Noites mal dormidas
Duelei com a morte...
Entregue à própria sorte
Descobri, até, o milenar segredo
da pedra filosofal. . .
Abri a caixa de pandora
Desvendei enigmas. . .
Resolvi teoremas
Tudo em homenagem a ti,
mulher, primeira e única:
De força mediúnica
Cruel e demoníaca
Imóvel e surda
Insensíve e taciturna
Feito uma porta emperrada,
Trancou-se em indiferença calada
Mas apesar de tudo... Reconheço!
Mesmo pagando esse alto preço
Que foi, apesar de todos os pesares,
o melhor amor que já me trouxe a vida.
Duo: JL Semeador e Hildebrando Menezes