Hora de partir
Enfim, eu o vejo galgar os degraus da vida,
os mesmos que o chamam a tanto tempo.
Fica para trás o aroma da inocência vivida
na ternura de cada momento.
Semeado nos campos, entre flores,
risos e lágrimas que lavaram a alma
num universo de sonhos e dores
regaram o amor que cura e acalma.
Mas, também, desfaz-se a neblina
e o sol brilha faceiro,
descortina-se a vontade divina
do astro maior que te quer inteiro.
Já não choramos como outrora,
e não hesitas em partir.
É, enfim, chegada a hora,
é o momento de decidir.
Vai, meu anjo, vai em paz.
Eu fico ainda a olhar tua escalada
Aqui, de pé, não mais sentada,
é assim que a Deus apraz.
Aos poucos afasto-me lentamente,
sufocando meu choro incontido
olhos marejados, coração dormente,
mentindo um sorriso que fere doído.
Preciso seguir meu destino.
No sorriso dos anjos que encontrar
e na ternura refletida em cada olhar
beijarei eternamente o teu rosto menino.
Lídia Sirena Vandresen
03.05.2011