mediunidade.
vou lhes contar uma coisa
que tenho há muito guardado em mim.
imploro: não repassem para ninguém,
nem aos seus melhores amigos.
não sou eu que escrevo meus poemas.
nunca escrevi nenhum.
aliás, nem poeta sou.
sou uma sombra vagando numa estrada triste.
apenas
abro-lhes a porta,
recebo-os,
acolho-os,
trato-os bem,
embalo-os
como uma mãe carinhosa mima o seu filho.
pra lá, pra cá,
pra cá, pra lá,
nos braços meus.
em troca
todos os dias
recebo um novo.
mandado por deus.