Ébria noite.

Réstia de luz, um entardecer

pintado, mesclado das cores da manhã e da noite

que delicadamente surge com o ocaso

e por acaso reflete nos teus olhos ébrios o cair da noite,

entre conversas desiludidas e um cigarro socializado

a tontura do embriagar-se nos consumiu

e caímos impávidos na grama versificada em métrica por um poeta.

O simples deitar levou-nos ao sono bêbado e a aproximação sacra dos

[corpos

e o entrelaçar das mãos, a abstinência dos desejos.

Findo o pôr-do-sol venho a noite, e com a noite o desejo, a vontade e

[o mistério

e a noite agora estava em teus olhos, e com a noite a estrela

apontada inocentemente com o trejeito puro de criança.

E agora éramos pequenos na noite, no universo, e as estrelas surgiam.

Éramos crianças novamente, e havia o implícito pedido: “brinque

[comigo”.

Sob o firmamento de duas dúzias de estrelas, o beijo não veio, mas veio o verso, veio o poema.

Gabriel Furquim
Enviado por Gabriel Furquim em 02/05/2011
Código do texto: T2945031
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