Outrora

Outrora, me pedia carícias e despia-se às pressas, ansiosa por mim.

Esfregava-se ardente, sua mão em meu sexo, intenso prazer.

Outrora, me oferecia o céu, imenso gozo, palavras na orelha.

Aliviava-me à alma a violência do amor, as unhas cravadas no peito.

Saciada, escorria travessa, recusava-me beijos, dizia-se feliz.

Outrora, éramos risos embaixo das mantas, negávamos o pranto.

E eram longas as tardes, infinitos os filmes e o ato de amar.

Outrora, éramos promessas de um tempo pueril, da vida futura.

E havia mais vida em minha vida, um consolo para as dores.

Outrora éramos ricos, embora pobres, e aceitava-me assim.

Hoje me recusa, esquece aos poucos as delícias, recusa-me.

Outrora, havia amor e não este ingrato parente, ódio nocivo.

Outrora, era nossa a minha cama, e era quarto este porão.

Outrora, eu era homem e menino, era feliz ou menos vazio?

Buendia
Enviado por Buendia em 01/05/2011
Código do texto: T2941990
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