AMOR BARATO

Amava um amor de faces e disfarces, desses com a suposta benção divina. Amava um amor circunstanciado, forjado, sem o mínimo de autenticidade, amava assim convenientemente. Amava como se o amor fosse apenas euforia, como o carnaval, só alegria. Amava um amor sem gosto, amargo, desprovido de calor, de paixão, sem o tempero do amor. Amava um amor masoquista, de sentimentos de culpa, de aparência, nos moldes marido e mulher felizes, sob as falsas juras de um sentimento irreal, anormal, apenas de convenção social. Amava um amor mercantilizado, vendido, negociado, contratado, comprado. Amava como uma prostituta de luxo, condicionando, modos, preços e gostos, amava assim, amando sem amor. Amava sem personalidade, fingindo candura, ternura, desejos, vontades. Amava de forma vazia, sem tesão, sem fantasias. Amava assim, na rotina do dia a dia, esse amor medíocre, vadio, vaziu, suposto amor, amor barato...

Percílio de Aquino
Enviado por Percílio de Aquino em 01/05/2011
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