AMOR TALHADO
É muito difícil construir um verdadeiro amor
Um amor baseado na lealdade
Bordado de ternura na cumplicidade
Talhado na confiança da obra prima
Trabalhado na rotina da auto-estima
Soldado na delicadeza prima
Assentado no porcelanato do sorriso franco
Passado no ferro da temperança
Serrado na carpintaria da oração
Concretado na amizade verdadeira
Cozinhado no vapor da presença por inteira
Lavado com o sabão da paciência companheira
Antenado na expressão do olhar da santa ceia
Costurado com as agulhas da conquista diária
Escrito com as letras da lembrança (oi passei pra dizer eu te amo!)
Orquestrado nas oitavas angélicas
Operado na cirurgia da paixão contínua
Envasado na alma e sentido no corpo que sua
Tudo isso é muito difícil nesta obra de amor seleto
De Vênus de Mileto um eterno soneto inacabado
Pra se construir um amor verdadeiro...
Mas o que existe de mais frágil neste mundo
É destruir o que e a quem amamos neste feito
Um gesto, uma doença, uma intriga, um ciúme plantado
Às vezes uma finança desgovernada, uma fofoca, uma raiva...
Dá uma guinada negativa impressionante
E tudo o que se construiu no Castelo de Abrantes acaba
Assim do nada, uma irradiação opressiva dá lugar
A tantas formas de manipulação e tudo chega ao fracasso
Ao fim talhado na sombra por esferas do mal e do armado laço...
Hoje é mais difícil construir um amor
Do que destruir... Tal qual a teia de aranha
Frágil que até uma brisa leva pra longe
Muito longe... Morada frágil tal qual pena no carnaval
O amor antes determinado e que agora jaz em estado terminal