AUTO RETRATO
Auto-retrato
Era uma vez um homem,
Um homem que acreditava
Na sinceridade dos amigos,
Um homem quase criança
Que sonhava esperando
Por alguém com quem pudesse
Repartir seus sorrisos.
Era lavrador de almas
E tinha por propriedade
O branco virgem dos papéis,
Terrenos sem cercas,
Sem donos, sem coronéis.
Semeador de sonhos
Tinha por sementes
Riscos rabiscos e letras,
Sinais a serem plantados
Na alma dos homens.
Rindo ou chorando,
Aplaudindo ou vaiando
Era, ao mesmo tempo,
A platéia e o artista
Presos ao circo da vida.
Usando uma máscara
Ria e fazia rir
Dizendo que o mundo
Era uma grande palhaçada.
Tinha o dom da magia
E sabendo todos os encantos
Cantava todos os cantos.
Sabia brincar,
E brincando se encantava
Num conto de menino
Para voltar a ser criança.
Sabia amar,
E amando acreditava
Que ainda podia
Haver esperança!
Sabia sorrir,
E quando sorria
O mundo se iluminava.
Ele era assim!
Não sabia tudo
Mas ensinava o que sabia.
Quem era ele afinal?
Calma que eu vou dizer!
Era um simples homem,
Porém, sabia sonhar,
E sonhando era deus!
Era poeta.