POR UM GRATO AMOR

Eu carrego no peito uma dor cortante, algo tão triste

que nem mesmo ouso externar.

Carrego comigo um sentimento misto de ressentimento

que me faz tão culpado e que é algo

do qual eu não deixo de me envergonhar,

pois todos os dias fico a ruminar.

Eu carrego em meu peito um desejo oprimido:

sonhos perdidos de um amor bonito e os fragmentos

de um esplendoroso castelo destruído.

Carrego comigo o gosto do primeiro beijo

e a fragrância de rosas que em mim ainda vive;

algo que eu não posso estirpar.

Carrego a quase certeza de que o meu destino

é ser com efeito um inconformado solitário;

algo que eu não consigo mudar.

Carrego no peito o doce e o amargo, a rotina despedida.

O nobre e o torpe de tudo o quanto você me fez.

Carrego as tuas desconfianças e medos e a minha inépcia.

Por fim carrego-te comigo aonde quer que eu vá,

mas o que foi não mais será e o que passou

não mais voltará.

Carrego no peito uma convicção:

Tudo valeu a pena.

Por um grato amor tentei mudar.