QUANDO O AMOR NÃO PODE
Olhar a frondosa oliveira e não dispor do seu sabor esplendoroso
Viver à margem de um farto e glorioso paraíso de delícias
Ganhar as sobras e perder as primícias de um banquete portentoso
Ser apartado do prodigioso e condenado a resquícios e estultícias!
Assim é ter os braços bem menores que o alcance da amada pele
Sentir o vento que repele, enquanto a alma quer a chance de avançar
Olhar a boca sem poder beijar e ser olhado com a frieza que há na neve
Pensar que o tudo em si pra nada serve, pois não consegue lhe doar!
Só avistar com a anuência da distância e sob os mantos do disfarce
Querendo em vão que aquele passo tombasse e recaísse em seu abraço
Notar que até o gesto crasso não pôde conseguir que lhe notasse
Querendo que aquele olhar cansasse de negligenciar seu traço!
É como a fome que flagela, enquanto o fruto suculento nos provoca
Como a felicidade que passa em frente à porta, mas não adentra
A dor que um coração sustenta perante o grito que a razão sufoca
Das guerras que a loucura evoca é a mais cruel que ela enfrenta!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor