Rio e Mar
Quem me dera ser um rio
Deslizando pro seu mar
E nas suas corredeiras
Num cristal de lua cheia
Ver o meu amor brotar
Quem me dera ser o dia
Penetrando em seu cantar
Meus olhos são tão tristonhos
Escorrendo pelos sonhos
Nos caminhos desse mar
Sou canoa que navega
Sem ter remos, sem ter velas
Sem caminhos pra voltar
Quem me dera ser o tempo
No infinito cavalgar
Pelas ondas do seu corpo
Num delírio quase louco
Vendo o amor se espraiar
Quem me dera ser o brilho
Que desponta em seu pensar
Agarrado à esperança
Ser o canto, ser a dança
Ser a noite, ser luar
Sou canoa que navega
Sem ter remos, sem ter velas
Sem caminhos pra voltar
Mas sou seu sonho esquecido
Renascendo sem cessar
Me batendo contra as ondas
Dessa verdade risonha
Da dureza do seu mar
Vou morrer no pensamento
Nessa imensidão sem par
Vou queimar meus sentimentos
E atirá-los contra o vento
Só pro meu amor chorar
Sou canoa que navega
Sem ter remos, sem ter velas
Sem caminhos pra voltar