ESTÂNCIAS DO CORAÇÃO

Sempre morei de lindeiro

Nas estâncias do amor,

Invadi, fui justiceiro,

Fui expulso e expulsor.

Construí taipas e valas

Mas permiti as cancelas,

Eram as minhas escalas

Às fugas e sentinelas.

Aramei campos abertos

Temendo invasões capazes,

Prendi amores incertos

E soltei outros fugazes.

Na estância do bem querer

Fui terno e desdenhador,

Amei por eu merecer

Fui amado e amador.

Pelas divisas andei

Defendendo propriedades,

Porém, em tantas entrei

Invadindo as liberdades.

Tranquei e abri estradas

Fui vereda e demora,

Habitei tristes moradas

Onde a solidão mora.

No campo do coração

Plantei versos de amor,

Fui capataz, fui patrão,

Domado e domador.

Tantas vezes me perdia

Quando encruzilhadas vinham,

O caminho me dizia

Mas os medos me detinham.

Acerquei-me e cerquei

Quem me dava amor inteiro,

Mas jamais me libertei

Desse meu amar lindeiro.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 28/04/2011
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