Otto Kemplerer
Chovem ovos de anjos caducos.
Chovem larvas de homens intelectuais.
A rua fica intransitável.
E o meu verbo deplorável.
O que foi feito de minha verve depressiva?`
Seria uma ligeira felicidade
que se insinua sorrateira
pelos meus olhos esbugalhados?
Veja amnhã o que sobrará
de um poema que fui cuspido e escarrado
nos muros da cidade cinza,
nesse monte de concreto.
ele falará de mim para as massas,
será ruborizante e fervilhante.
Uma orgia para os olhos.
Amanhã cedo,
acordarei besuntado em óleo de soja,
dançando seminu, com uma faixa azul amarrada no pescoço.
E eu que já havia passado da idade,
de ser um cisne de balé do terceiro mundo...