Ária ao amor
Jamais eu tivera ouvido
Palavras tão pulcras:
Tocou-me o rosto a brisa
E depois teu coração.
Levou o vocábulo,
Sem levar a acepção.
A acepção está retida
Na face com que me olho,
Neste atrapalhado anseio
Que te abraça demente,
Na minha alegria pendida
Nesse toque plangente.
Jamais alguém viu alguém
Que o amor deixasse tão infeliz.
Essa infelicidade não notou,
E que ela nota eu bem sei...
Se aquela mesma brisa também
Cerrou teus olhos eu juro: não sei.