Ária ao amor

Jamais eu tivera ouvido

Palavras tão pulcras:

Tocou-me o rosto a brisa

E depois teu coração.

Levou o vocábulo,

Sem levar a acepção.

A acepção está retida

Na face com que me olho,

Neste atrapalhado anseio

Que te abraça demente,

Na minha alegria pendida

Nesse toque plangente.

Jamais alguém viu alguém

Que o amor deixasse tão infeliz.

Essa infelicidade não notou,

E que ela nota eu bem sei...

Se aquela mesma brisa também

Cerrou teus olhos eu juro: não sei.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 17/11/2006
Reeditado em 17/11/2006
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