ONDE ANDARÁ O CÉU?
Ao despertar da madrugada ilusória, me vi sem chão e horizonte
E tão distante dos campos, todas as flores e relvas
Vi a queda das serras e a derrocada dos montes
A pequenez dos sonhos gigantes e o gigantismo das guerras!
De súbito e desavisamente, fui deserdado e vendido ao desterro
Punido pela falta de erro, julgado pelo crime do amor
Lançado às masmorras da dor, cravado sob a chuva do aterro
Precipitado de um cerro, arremessado ao dissabor!
E o beijo cheio de paixão, tornou-se gelo ingrato
A novidade do prato é o ausente banquete das juras
Manhãs escuras iluminando a quebra do trato
A estiagem no palato e o grito estupefato das amarguras!
Que fossem todas as dádivas, mas que ficasse pelo menos o céu
Que me fizesse réu, mas não me condenasse a tal desproporção
Porque não vejo mais a encenação do orvalho destilando mel
Só vejo um temporal ao léu e nele andando em vão meu coração!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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