CRUZ TOMBADA
Cruz tombada
Minha alma foi águia altaneira!
Entre nuvens a voar
Já fui capaz de sonhar,
No céu possuía uma estrela!
Na terra possuía um lar.
Agora, sozinho a vagar
Arrasto minha existência,
Sem jardins... Sem jasmins...
Sem amor...
Apenas um poeta errante!
Reabrindo cicatrizes profundas
Piso sobre os espinhos,
Esmago as flores
E sangro os pés.
Na minha boca
Gritam as dores do mundo,
Mas ninguém me escuta!
Essa dor no meu peito,
Esse desprezo pela vida,
Essa cruz tombada
Que larguei jogada
A beira do caminho,
Apontam o fim da jornada.
Mas eu não te condeno!
Bebi dos teus lábios
Um delicioso veneno
E morro sem um único grito...
Se da morte aspiro agora
O hálito horrendo!
Culpo somente o destino.