A última ceia
Restos de pão repousam
sobre o linho branco da
toalha que cobre a mesa.
O gosto do vinho
ainda passeia,
embriagado, pelo
céu da boca.
O silêncio paira
por sobre a casa,
quebrado apenas pelo
barulho insistente
do relógio na
parede da sala.
Relógio que bate
descompassado como
o coração no peito.
Os olhos recebem as
gotas orvalhadas de
lágrimas doridas e
cultivadas na madrugada,
única testemunha
de tua brusca partida.
A noite fora preparada
para um encontro,
mas você não veio.
Apenas tua voz
fora ouvida ao
telefone, em breve
despedida.
Tudo ficou ao
acaso do tempo
assim como o amor
que foi relegado
ao vento.
Restaram somente
os fragmentos de
uma última ceia
e a angústia de
saber que teu
nome ainda corre
como veneno
em minha veia.
Rita Venâncio.