Visceral
Soterro-te com imagens de tantas outras...
Tenho apagado teu gosto e teu jeito de andar.
Mas que loucura!
Ainda enxergo teu brilho,
De algum modo, dentro de mim.
Vivo numa desordem orgânica,
Visceral!
Naquela perturbação de condutos,
Órgãos, glândulas e mucosas.
Vivo numa desordem quase intestinal,
Num caminho para baixo.
Minhas artérias querem ar e pelo corpo, pulsam dor.
Uma dor congênita e generalizada
Que dói na unha, no cabelo,
Na pele morta do cotovelo.
Visceral!
Te vejo como uma indústria multinacional
Enquanto sou o corpo moribundo
De uma criança do nordeste.