Visceral

Soterro-te com imagens de tantas outras...

Tenho apagado teu gosto e teu jeito de andar.

Mas que loucura!

Ainda enxergo teu brilho,

De algum modo, dentro de mim.

Vivo numa desordem orgânica,

Visceral!

Naquela perturbação de condutos,

Órgãos, glândulas e mucosas.

Vivo numa desordem quase intestinal,

Num caminho para baixo.

Minhas artérias querem ar e pelo corpo, pulsam dor.

Uma dor congênita e generalizada

Que dói na unha, no cabelo,

Na pele morta do cotovelo.

Visceral!

Te vejo como uma indústria multinacional

Enquanto sou o corpo moribundo

De uma criança do nordeste.

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 26/04/2011
Código do texto: T2931597
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