GRITO DE SILÊNCIO

Se seus olhos

Não me gritassem

Esse brado silencioso

A agredir-me os ouvidos

Com palavras de chumbo.

Se em sua boca

A palavra não fosse muda,

A verdade fluiria

Límpida e cristalina

De dentro da garganta

Como fonte refrescante

A jorrar sobre a terra.

Mas esse silêncio

É estrondo de tempestade

A cortar o ar

Em faíscas de rancor

Que não nascem do corpo

E sim do espírito.

Nascem dentro de você

Para escorrerem do olhar

Como águas de enchente

Encorpando fios de água

A lamberem famintos

Os barrancos da alma.

E depois que a fúria acaba

E o rancor escorre

Para oceanos profundos

corações magoados

Aos poucos vão se afogando.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 26/04/2011
Código do texto: T2931193