Tuas andanças no meu caminho

Não tinha cor e nem tamanho

Não tinha forma e nem sombra

Não tinha voz e nem silêncio

Não existia e nem se cogitava

Não havia o tal ser e nem havia o sonho

Não havia palavras e nem leitor

Não havia afeto e nem sentimento

Não havia nem o alguém a se descrever

E de não ter e nem haver

Veio esse ser

Veio dele o que não tinha

Veio também o que não havia

Veio cor e tamanho

Veio forma e sombra

Veio voz e sussurros

Veio ele e seus pensamentos

Inundou o raciocínio

Tomou de conta do espaço

Fez dele moradia

E aos poucos veio a visitar

Fez dele o próprio sonho

Fez de mim palavras a ele ler

Fez de si o afeto acompanhado de carinho

Se fez assim à quem palavrear

E foi fazendo de tudo

E de tudo lhe foi feito

Tornou-se forte e grandioso

E hoje já não se contenta mais

Com o espaço que tem

Tomou de conta de meu corpo

Foi descendo pelo pescoço

Desceu um pouco mais

E nesse descer encontrou outra morada

Lugar vazio e abandonado

Com paredes em movimento

Por muito tempo não se habitava

E logo fez do coração seu abrigo

Outro dia se fez insatisfeito

Acorrentou o pobre pulsante

Se prendeu e se escondeu

Aos poucos seu movimento foi parando

Devagar e devagar se calando...

Perdeu força e um pouco de vida

Poucas forças lhe restaram

E desde então soltou as correntes

A bandonou a nova casa

E para o mais distante se afastou.

Viana Viana
Enviado por Viana Viana em 25/04/2011
Código do texto: T2929588
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