Dialética do amor
Ela era tão bonita
alegre, jovem e
seria bem-sucedida
mas veio o amor,
que lhe negou liberdade
deu-lhe dois filhos
tirou-lhe a dignidade
aluguel sempre atrasado
fome, traição.
Ela era espontânea e ativa
bordava, cozinhava, engomava
tão dedicada e fogosa
seu homem sempre a mimar
largou emprego, perdeu a casa
Ele não quis casar
seu filho, um perdido,
ele não iria sustentar
Ela não era linda
nem a mais cobiçada
mandona, difícil, pouco sociável
encontrou um homem que lhe amava
deu-lhe educação e um emprego
muito mais do que esperava
São tantas as histórias
todos a querer o amor
mas às vezes, ele nos bate
prende, empobrece
outras tantas nos alegra
centra, enobrece
qual a medida, diga-me por favor?
mas se estiverem certo
de tanto que penso eu
de tantas contas que faço
nunca entrarei no compasso
daqueles que sabem amar.