SEMPRE          

E os dias passam...
As folhas caem,
o sol se põe,
a noite chega
fria.

As fotos estão no álbum,
os velhos poemas anotados.
Leio-os!
Um poeta chinfrim...
Mas tão mais livre!

Hoje, me prendo a regras,
a escolhas de palavras:
parir um poema 
parece mais doloroso.
Mas um tanto melhor.

E entras no ambiente.
Iluminas tudo.
Os detalhes do quarto,
o silêncio.
"Esse poema dediquei a ti, lembra?"

O teu sorriso!
"Que poema mal feito!", dizes.
"Mas perfeito, definitivo", completas.
E eu:
"vale a pena ser poeta!
Mesmo um poeta vagabundo,
sem eira nem beira,
useiro e vezeiro
na arte do lugar comum".

E o teu beijo
afasta as cadeias
sempre!