CAMINHADA

Não tenho pressa, passos iniciais lentos.

Busco rumos onde posso divisar horizontes,

Pisando em pedras pontiagudas traiçoeiras,

Que ferem meus pés e o sangue então brota,

E que ofereço em sacrifício para os que sofrem,

Pois também passei por essas agonias.

Muitas vezes encontro tapetes outonais,

Que caem na estação calma e serena,

Brisas que passam alegres querendo brincar,

E se as cores se tornam opacas e sem brilhos,

As folhas mortas oferecem-se em sacrifícios,

Pois na primavera voltarão verdes e floridas.

Assim percorro trilhas abertas nas matas,

Escutando o silêncio que parece então reinar,

Até mesmo os passarinhos não querem cantar,

Em respeito à natureza que quer descansar,

Para no inverno que se anuncia bem frio,

Possa também hibernar para então ressurgir.

Busquei caminhos onde jamais ousei trilhar,

Mesmo na fase da vida onde tive ousadias,

Pois na longa caminhada de minha existência,

Foram tantas as flores silvestres que colhi,

Que meu coração jamais delas se esquecerá,

Diante de um amor que tinha seus perfumes.

Numa parada para acalmar meus cansaços,

Divisei ao longe um sól se pondo preguiçoso,

Num horizonte tão lindo e nuvens só de cores,

E extasiado fiquei contemplativo e em êxtase,

Pois sabia que a noite estrelada iria surgir,

E com ela a lua enluarada que me enfeitiçou.

Assim encerrei minha caminhada estafante,

Propondo aos corações que me acenavam,

Buscar na natureza todas as alternativas,

Pois nela brotam magias que tanto saciei,

E se querem despertar o amor verdadeiro,

Vejam uma criança desfolhando uma flor.

23-04-2011