QUANDO A AUDÁCIA SOBREPÕE-SE AO RECATO

Ao som do terceiro toque

A tua audácia até então recolhida

Rasga o ventre do recato,

Grita em ode o mantra nobre dos amantes

Precipita sobre mim uma fúria há muito contida

E, sem hesitação ou regras,

Capitula a declaração mais verdadeira da tua irresignação carnal.

Nos preliminares atos de incandescência

A liberdade insana dos teus dotes incomuns;

A volúpia insubmissa e quase despótica

Que nomina a abrangência da tua exploração;

Qual manifesto libertário de uma alma outrora represada

Qual felina inclemente à caça da presa palpitante.

O privilégio do teu toque

E o odor da tua insuspeita natureza

Exorbitam todas as minhas feras;

Resultam na meticulosidade do nosso enredo

E criam a interseção onde o nosso imensurável desejo se comunica;

Único reduto onde o profano e o divino se fundem

Preciosa contemplação travestida de pictórica arte.

Conquanto inteiramente liberta

A tua abrasada lascívia, de forma contínua, me cobra

Porquanto minha geografia está gravada na memória do teu burilado relevo

Entrelaçada à tua excitada teia

Transformando o meu outrora arbítrio

No teu franco e passional deleite.

Marcelo Nazário
Enviado por Marcelo Nazário em 22/04/2011
Reeditado em 09/03/2018
Código do texto: T2924054
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