A ÚLTIMA TEMPESTADE
Já se passaram algumas luas
Depois da última tempestade,
No leito ressecado dos meus olhos
Não correm mais águas,
A muito secou as fontes.
De vez em quando,
Lá! Bem lon,n,nge!
Tão brancas... Tão distantes...
Aparecem algumas nuvens.
Mas, mesmo assim,
Ainda insisto em acreditar!
E deixo abertas as porteiras
Do meu caminho
Na esperança de que alguém
Queira andar comigo.
Até hoje, Sem nada dizer,
Todos os que passaram por mim
Seguiram apressados na busca
Dos seus próprios caminhos,
Mas todos deixaram
Alguma coisa.
Alguns deixaram apenas
Suas pegadas na poeira do tempo,
Outros deixaram sementes
Dessa saudade que é o trigo
Com o qual faço meu pão
De cada dia.
E são esses que semearam
Essa saudade dolorida
Que me fazem pensar:
“Quem sabe um dia
Ainda volte a chover!
Quem sabe?!...”.