BAGAGEM

Trocar as palavras, por ritos,
e os sussurros, por gritos,
no gemido insano, sem procedência,
não é preciso falar em amores,
pois que amor vai implícito,
explícito, no sexo, na mão do afago,
no abraço, enlace cru, que traz
mais perto a face ao peito,
no gemido despido de causa e efeito,
em transe, nas nuances do toque,
na ressaca do mar, na maresia dos olhos,
trocar o verbo, pela imagem,
pela lembrança do sorriso,
e deixar na areia toda bagagem,
nas malas onde os sonhos não cabem,
ao mundo pequeno, deixar tudo,
que não se possa carregar.