CORAÇÃO PEREGRINO

Buscou, ansiosamente buscou,

Caminhos seguiu, tropeçou, caiu,

E não encontrando o amor desejado,

Entrou em delírios, sofreu, chorou.

Queria um amor com sabor de mél,

Aconchegante, macio, calmo até,

Para nele repousar seu cansaço,

Pois sua peregrinação foi estafante.

Um dia vendo a lua que lhe acenava,

Prestou atenção numa esguia figura,

Que parecia até uma flor se abrindo,

E de soslaio lhe endereçou um sorriso.

Trocaram olhares, corações se exultaram,

E diante de afinidades que emergiram,

Percebeu ser ali o refúgio que buscou,

Pois queria sua peregrinação terminar.

Aquele coração que conseguiu penetrar,

Tinha a pureza da criança ao acordar,

E flores que despontam num jardim florido,

Com perfumes que a brisa suave trazia.

Entrou em ebulição todos seus sentidos,

Procurou afinidades que não encontrava,

E a lua que lhe acenou para ele encontrar,

Foi a cúmplice para um amor delirante.

Buscou prazeres na simplicidade do olhar,

Que trocavam muitas vezes com lágrimas,

Vendo o sól se pondo no horizonte lindo,

Contemplando depois as estrelas piscando.

Coração peregrino que tanto sofreu,

Não precisou mais de jornadas cansativas,

Pois diante de fracassos que amargurou,

Achou o que buscava e então sorriu.

20-04-2011