RECORDAÇÕES QUE O TEMPO NÃO APAGA
O tempo é capaz de muitas coisas
E cada um de nós somos escravos
Embora ainda não adestrados
Somos vítimas do tempo
Em pequenas ou grandes escalas.
Aquela dor que parece
Não querer parar de doer,
Aquela tristeza que como cachoeira
É capaz de produzir uma imensidade
De lágrimas que parecem
Não parar de rolarem.
A ponto de nossos olhos
Ficarem tão fundos
Deixando-nos totalmente irreconhecíveis
Como o tempo é o nosso
Grande divisor de águas.
Ele sana e causa dor
Ele produz alegria
E gera tristeza
Ele marca o dia da vida
E registra o dia da morte
Uma vez que passou por ele
Fica para trás
Sem o direito de retornar
Mais o gozo de poder para sempre
Na linha do tempo se eternizar.
Esse é o gozo
Que a vida me deu o direito
De hoje poder recordar.
Parece que foi ontem
Mais já se faz nove anos
O mês ainda é bem nítido
Na minha mente, na minha vida,
No meu coração.
Maio.
O maio das mães,
O maio dos solteiros,
O maio das noivas,
O maio dos apaixonados.
O maio de Elaine e Alex
O maio do mais novo casal.
Tudo passa como se fosse
Um filme na minha mente
Parecendo um grande telão de cinema.
E já faz nove anos consecutivos
Que nosso filme está em cartaz
Nossa história tem batido
Recorde de bilheteria
Desde o dia 28 de maio
O ano foi Dois Mil e Um.
Ano que marcou o novo século
Que acabamos de entrar.
Foi numa memorável festa de aniversário
Que o nosso filme começou a ser rodado.
Tudo havia mudado o seu foco
Não mais a aniversariante
Que desfrutava de uma grande atenção
O holofote focalizou-se totalmente
Em um negão.
Os olhos de Elaine brilharam
Bem mais intensamente
Que as luzes
Que tecnicamente estavam sendo usadas
Ao contemplar aquela jóia rara
Um verdadeiro diamante negro
Com valor jamais calculado
Em moeda corrente
Desta ou qualquer outra pátria.
Se estivéssemos na Grécia,
Diriam ser um Deus Grego
Vestindo aquela calça aveludada
Da cyclone, cor creme
Com sua blusa verde água
Acelerou ainda mais os batimentos
Cardíacos de Elaine,
Deixando-a ainda mais desconsertada.
Quem saiu do trilho mesmo,
Foi o negão Alex
Ao contemplar
Aquela formosura de mulata
Com um lindo vestido avermelhado
Parecia mais uma rosa desabrochada.
Os seus olhos brilhavam
Feito relógio com alarme destravado,
Era sim o seu coração
Anunciando que chegou o fim da procura
Pois ele acabara de encontrar
A sua outra metade,
A peça que faltava no seu quebra-cabeça
O queijo da sua goiabada.
Aproveitou então o momento festivo
Convidando-a para ser sua namorada.
Ela deu um sorriso nove e quinze
Era o coração que marcava
À hora da tão sonhada felicidade
Parecia mesmo um sonho,
Pois nem se passava pela cabeça
Do mais novo casal
Que teriam que romper
Com os obstáculos
Que encontrariam no meio
Dos seus próprios familiares.
Essa barreira não foi nada
Foi como o fogo
Querendo vencer a água.
A água do amor venceu.
O fogo da discórdia,
O fogo da oposição.
O amor de Elaine e Alex
Aumentou ainda mais fortalecendo
Cada dia aquela doce paixão.
É triste lembrar
Mais nesta história também existiu
Altos e baixos.
Foi o tempo que mudou
No romance de Elaine e Alex
Momentos de grandes trovoadas
Eram os céus anunciando
Que havia chegado o tempo
De pararem e avaliarem,
Foi quando lamentavelmente
Ficaram distante um do outro
Aproximadamente quatro meses
Dor que feriu
Tanto o negão,
Quanto à mulata.
Graças a Deus, o sol
Voltou logo a brilhar
De repente se viu um arco-íris nos céus
Foi a esperança que vou a reinar
O tempo foi tão veloz
Que passou rápido
Sem deixar rastro.
Quanto foi perceber já havia anos e anos
Que estavam juntos
Porém ainda noivados
Quando ambos decidiram
Dá um ponta pé final
Unindo finalmente as escovas de dente
As roupas de cama,
Calcinhas e cuecas.
Panelas e panos de prato.
Tudo aconteceu numa bela noite
Do dia Nove de agosto
Agosto não só no mês,
Mais a gosto do bom Deus
Na inesquecível noite de sábado
Ali naquela quadra,
Onde amigos e parentes
Colegas e conhecidos
Juntos reuniram para celebrar.
Quadra.
Quadra de muitas lembranças
Onde Elaine e Alex
Finalmente estavam trocando as alianças
Quadra.
Quadra do futebol
Quadra dos festivais
Quadro que agora se tornou
Um santuário sagrado
Para unir Elaine e Alex
Num grande enlace matrimonial
Tudo foi perfeito
Havia imperfeição
Se não houvesse ocorrido
Numa quadra.
Quadra.
A quadra das antigas baladas
Quadras das inesquecíveis peladas
Foi na noite de Nove de agosto de 2009
Que Alex partiu para o ataque
Com apoio da torcida presente
Marcou um grande gol de placa
Mudando o placar de duas vidas
Antes solteiros,
Agora eternamente casados.
Elaine que não ganhou
Apenas um artilheiro,
Mais um craque do amor
Que incansavelmente a chama
De minha linda
E diz que a ama
Sem muitas cerimônias
Porém de uma forma
Única e peculiar
Deixando-a ainda apaixonada.