Abyssum
simultaneamente eu vivo
com a lenta morte que me toma,
dos pés ao peito me subindo
se meu castigo foi sua sombra.
meu sangue tinto esparzindo
ao seu deleite e peversão
rasteja em teus labios finos,
atrativos e sem perdão.
então recordo e procuro
pro meu exilio qual razão?
tão logo penso e descubro:
Não resisti a sedução.
culpo a sombra no contorno
daqueles olhos feitiçeiros;
incandescentes mais que fogo
fervendo meu ser por dentro.
de negra cinzas fez meu todo
fora o peito ainda inteiro,
ainda amando, ainda tolo,
sem qualquer arrependimento.
ela machuca, ela me invade,
e como ardem minhas feridas!
mas que machuque, pois que me mate
que minha alma é masoquista.