DE QUEM FALO
®Lílian Maial



 
teu corpo, impiedoso corpo
em arreios de insanidade
devaneios de língua ébria
lança beligerante afiada na fome
eriça as peles orvalhadas
mucosa untada e benta
 
tudo é penumbra e contorno
sombras lisérgicas nas paredes do gozo
 
teu olho no meu corpo
no  dorso, no olho
nos montes todos
teus dedos insistentes
desaguando em córregos diáfanos
 
meu dedo ímpio no teu olho
o beijo profano nas frestas
a boca sedenta de rega
qual pétala suculenta no jardim de Príapo
 
profanas meus altares
desferes o golpe final
feitor de todas as coxas
vencido nos meus braços
impiedoso corpo

 
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