NA VESTIDURA DA ALMA TUA

Minha alma despida

Trôpega, ébria, ferida

A minha despida

Eu a pus diante de ti

A minha alma despida

Que de um amor desprovida

A minha alma despida

O achou dentro de ti

A minha alma despida

Monocromática, descolorida

A minha alma encontrou vida

Quando dentro de ti se viu

A minha alma despida

Cujo néctar de sua prosa servida

Em um cálice sem medida

Sorveu, lambuzou-se, supriu

A minha alma despida

Nua alma, alma nua

A minha alma vestida

Abraçada, acolhida

Pois minha alma se fez tua

II PARTE

O cobertor que a aquece, seus seios

O travesseiro que a acomoda, seu regaço

O lençol que a sustenta, teu ego

A cama que a acolhe, seus braços

O pão que a alimenta, seus beijos

A água que mata-lhe a sede, seu sorriso

A sobremesa que adoça, teu cheiro

O sonho que sonha sonhar, teu paraíso

A lareira que a esquenta, seus vales

E a trilha que caminha, teus dias

As montanhas que a alma escala, teus desejos

A caverna onde ela se esconde-utopias

A minha alma despida

Agora é alma vestida

Revestida de ternura

A minha alma despida

Hoje não se chama alma despida

Mas alma tão bem vestida

Na vestidura da alma tua

FidelisF
Enviado por FidelisF em 12/04/2011
Código do texto: T2904362
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