NA VESTIDURA DA ALMA TUA
Minha alma despida
Trôpega, ébria, ferida
A minha despida
Eu a pus diante de ti
A minha alma despida
Que de um amor desprovida
A minha alma despida
O achou dentro de ti
A minha alma despida
Monocromática, descolorida
A minha alma encontrou vida
Quando dentro de ti se viu
A minha alma despida
Cujo néctar de sua prosa servida
Em um cálice sem medida
Sorveu, lambuzou-se, supriu
A minha alma despida
Nua alma, alma nua
A minha alma vestida
Abraçada, acolhida
Pois minha alma se fez tua
II PARTE
O cobertor que a aquece, seus seios
O travesseiro que a acomoda, seu regaço
O lençol que a sustenta, teu ego
A cama que a acolhe, seus braços
O pão que a alimenta, seus beijos
A água que mata-lhe a sede, seu sorriso
A sobremesa que adoça, teu cheiro
O sonho que sonha sonhar, teu paraíso
A lareira que a esquenta, seus vales
E a trilha que caminha, teus dias
As montanhas que a alma escala, teus desejos
A caverna onde ela se esconde-utopias
A minha alma despida
Agora é alma vestida
Revestida de ternura
A minha alma despida
Hoje não se chama alma despida
Mas alma tão bem vestida
Na vestidura da alma tua