Amor: Concreto ou Abstrato?
Por que me amas?
É maravilhoso perceber como uma pergunta tão simples,
Pode nos levar a uma enorme confusão,
Por uma ainda mais simples razão.
Nós aprendemos em toda a nossa vida,
Que não há pergunta, sem resposta.
O que há são respostas perdidas,
que devem ser procuradas, entendidas.
O amor como sempre, confunde a todos,
É imprevisível, incontrolável e sem sentido.
Foge à regra, é exceção,
É ilógico, e sem razão
Isso se deriva de um pequeno engano,
Do dito fato,
De que o amor é abstrato.
O amor, ao contrário, é vívido, inquieto.
E não poderia nunca ser mais concreto.
Podemos tocá-lo, experimentá-lo,
Descobrí-lo e vivê-lo.
Diz-se de abstrato aquilo que depende de outro ser para sua existência
Como se o amor fosse dependente dos amantes para existir.
Como pode ocorrer tamanha inconsistência?
O amor não depende de nós para sua existência,
Se ele tiver que existir, você nunca poderá intervir.
Ao contrário, os amantes sim, dependem do amor para existir,
O amor é, de certa forma, como um parasita,
Que se instala no coração de uma pessoa,
Rouba-lhe as mais incríveis sensações,
As mais poderosas emoções,
Rouba-lhe a alma.
Mas assim como um parasita é concreto e independe de nós para existência,
Assim também o amor tem o direito completo sobre suas competências.
Sendo concreto, portanto, explica-se por si próprio,
Existe por que existe, e baseia em si mesmo a própria existência.
Portanto, não. Não há resposta para a pergunta “porque me amas?”
Porque amor não é efeito, é causa.
E sendo causa, não precisa de um motivo para ser.
Seria como perguntar:
Porque eu existo?
Ou
Porque essa pedra existe?
Simplesmente é, e sendo transforma-nos,
Abstrai-nos, une-nos,
Faz-nos única alma em dois corpos distintos.