Amor: Concreto ou Abstrato?

Por que me amas?

É maravilhoso perceber como uma pergunta tão simples,

Pode nos levar a uma enorme confusão,

Por uma ainda mais simples razão.

Nós aprendemos em toda a nossa vida,

Que não há pergunta, sem resposta.

O que há são respostas perdidas,

que devem ser procuradas, entendidas.

O amor como sempre, confunde a todos,

É imprevisível, incontrolável e sem sentido.

Foge à regra, é exceção,

É ilógico, e sem razão

Isso se deriva de um pequeno engano,

Do dito fato,

De que o amor é abstrato.

O amor, ao contrário, é vívido, inquieto.

E não poderia nunca ser mais concreto.

Podemos tocá-lo, experimentá-lo,

Descobrí-lo e vivê-lo.

Diz-se de abstrato aquilo que depende de outro ser para sua existência

Como se o amor fosse dependente dos amantes para existir.

Como pode ocorrer tamanha inconsistência?

O amor não depende de nós para sua existência,

Se ele tiver que existir, você nunca poderá intervir.

Ao contrário, os amantes sim, dependem do amor para existir,

O amor é, de certa forma, como um parasita,

Que se instala no coração de uma pessoa,

Rouba-lhe as mais incríveis sensações,

As mais poderosas emoções,

Rouba-lhe a alma.

Mas assim como um parasita é concreto e independe de nós para existência,

Assim também o amor tem o direito completo sobre suas competências.

Sendo concreto, portanto, explica-se por si próprio,

Existe por que existe, e baseia em si mesmo a própria existência.

Portanto, não. Não há resposta para a pergunta “porque me amas?”

Porque amor não é efeito, é causa.

E sendo causa, não precisa de um motivo para ser.

Seria como perguntar:

Porque eu existo?

Ou

Porque essa pedra existe?

Simplesmente é, e sendo transforma-nos,

Abstrai-nos, une-nos,

Faz-nos única alma em dois corpos distintos.

Gabriel Valeriolete
Enviado por Gabriel Valeriolete em 12/04/2011
Reeditado em 17/04/2011
Código do texto: T2903925
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