CARTA QUE JAMAIS MANDARIA
Meu amor, onde será que estais agora?
Aflijo-me só de pensar em te perder.
Tento esquecer que viajaste, faço hora;
Mas volta e meia desejo te ver.
Acostumei-me a sair e tê-lo por perto,
Sempre seguindo-me, cercando-me, vigiando-me.
Interrogando a mil perguntas, com ciúme certo.
Finjo não gostar, reclamo, mas te amando.
Com você sinto-me sozinha, perdida.
Sem você sou quase nada, esquecida.
Com seus gritos, grocerias, sinto dor;
Mas com seus cuidados, sinto o amor.
Tenho medo que se abuse de mim e me deixe!
Sou segura aos teus olhos, firme aos amigos;
Mas por dentro sou frágil, de sonhos falidos.
Penso até em te dizer: Eu te amo! Nunca me deixe!
Mas meu orgulho imbecil nunca permitiria.
Se algum dia reparar no fundo do meu olhar,
Finalmente vai descobrir o meu louco amar.
Infelizmente da minha voz, isso nunca ouviria.
E esta é uma carta, que eu jamais mandaria!