Desencanto

Fogem de mim as palavras, ficam as letras
Resta um balbuciar ofegante
Num jorrar sem fim, frases abundantes
Ficam perdidas, soltas, obsoletas

E ai de mim tentar consertar o erro
Não há no mundo esforço capaz
Qualquer tentativa vã se desfaz
Na avalanche do meu desespero

Então dissimulado, mudo, em mais absoluto silêncio parto
Fuga conveniente quando tenho medo
Oras insisto no vazio da eloqüência, oras apenas cedo
Oras me incluo no sem sentido, oras me descarto

Pois não há discurso capaz de cessar teu pranto
Não há intérprete ou coadjuvante

Apenas eu, trôpego, desopilante
Disposto a sossegar teu desencanto.