Do lobo à Lua

Fêmea de coração de pedra ignora meu olhar,

Criatura quase que efêmera de puro gelo no sentir.

Não justificas a beleza externa do teu brilhar,

Não ouves. Não me notas; negas meu pedir.

Solidão é o destino mais cruel,

Sou mendigo do teu gélido amor,

Porta a porta, meu desejo esmola ao léu,

Recebendo em troca o seco pão da dor.

Sorrateira e evasiva jogas o charme e te retiras,

Como linda nuvem no verão,

Engana-me teu olhar de sol em piras,

Transformas-te em chuva, sou o chão.

Como flecha envenenada, tu me atinges o coração,

Alvo fácil, suicida dela não me curvo,

Morro em vida em platônica paixão,

Sinto as tuas setas em pesadelo turvo.

Não conheço o meu destino,

Minha lua não é a tua,

Quais opções tenho em desatino,

Ser um lobo uivando em vão na rua.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 11/04/2011
Código do texto: T2902645
Classificação de conteúdo: seguro