Do lobo à Lua
Fêmea de coração de pedra ignora meu olhar,
Criatura quase que efêmera de puro gelo no sentir.
Não justificas a beleza externa do teu brilhar,
Não ouves. Não me notas; negas meu pedir.
Solidão é o destino mais cruel,
Sou mendigo do teu gélido amor,
Porta a porta, meu desejo esmola ao léu,
Recebendo em troca o seco pão da dor.
Sorrateira e evasiva jogas o charme e te retiras,
Como linda nuvem no verão,
Engana-me teu olhar de sol em piras,
Transformas-te em chuva, sou o chão.
Como flecha envenenada, tu me atinges o coração,
Alvo fácil, suicida dela não me curvo,
Morro em vida em platônica paixão,
Sinto as tuas setas em pesadelo turvo.
Não conheço o meu destino,
Minha lua não é a tua,
Quais opções tenho em desatino,
Ser um lobo uivando em vão na rua.