Olhos Ressacados
Foi tão forte e intenso
O seu brilho embriagado;
Foi tão repetente e tão lento,
Tão silente e tão rápido.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.
Definir assim não posso,
Derrubou-me mas foi fraco
O controle dos seus olhos,
O formato dos seus lábios.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.
Sei não ser qualquer beleza
Já que fez do rei escravo;
Tão perfeita e morena
Quem de mim fez seu reinado.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.
Inteligente criação,
Um saber bem mais que sábio:
O que a fez com adoração,
Dedicado em cada traço.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.
Quando desenhara os olhos
Foram dias necessários,
Esperando a lua-cheia
Pra da bela fazer plágio.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.
Pois sou teu véu e coroa,
O manto sob os seus braços;
Sou teu perfume e teu banho,
Cada par de teus calçados.
Quando exausta sou teu sono,
Quando há luz sou eu que apago,
Quando dorme sou o sonho:
“Aquele pegasus alado!”
Virei mordomo, servente;
Se te culpo? AO contrário!
Só de vê-la estou contente:
Um demente apaixonado.
Eu cai menina, e caio
Em teus olhos ressacados.