ABISMO
Nesse mundo dividido
Entre as cores alvas
Desse papel
E as letras escuras
Escapando na ponta
Dessa caneta
Existe uma poesia
Despencando no abismo
Como anjo que cai
Do céu dos meus olhos.
E as palavras vão caindo
Como estrelas fulgurantes
A cortarem o infinito
Tão finito do meu ser
Para espatifarem em versos
Despedaçando-se por inteiras.
E ao precipitar-se do alto
O ultimo resquício
Da alma do poeta,
Na lauda fendida
Em cada verso escrito
Um par de asas se erguerá.
Mas quando uma janela,
Qualquer que seja!
Lá do alto se abrir,
Na esperança ingrata
De voltarem ao lar
Anjos aflitos
Cruzarão o infinito
Abrindo suas asas
De par em par.