Nesta noite, percebi...

Foi com tristeza e desacomodação

Que percebi, no silêncio desta noite,

Que me acostumei a te esperar em vão...

E até não estranhei que não viesses...

E senti um certo conforto nesta constatação:

É a tua despedida, pois assim quiseste.

Vês?... Não estou chorando ou lamentado.

Talvez quisesses me mostrar isto há tanto tempo...

E eu não percebi! Queria a ilusão...

Então, muito de repente, abriram-se meus olhos,

E onde havia rosas, só percebi abrolhos.

Que tonta vivi! Foi imaginação!...

Talvez, na fragilidade de meu corpo,

Tenha se fortalecido a minha razão

E enxerguei o meu caminho torto...

Mas sempre é tempo de se repensar

E um amor em vão assim, sufocar,

Pois a vida é mais que apenas solidão...

Quedei-me a pensar no que me resta

Da ampulheta da vida, que escorre tão depressa,

E não quis mais me enganar!

E já acostumada ao que não fazes

(Mesmo tendo dito que irias fazer)

Não te esperei com perfume de lilazes...

Não estranhei a solidão da noite;

E nenhum gemido fez-se ouvir

Neste silêncio sepulcral de açoite..

Se é melhor pra ti assim a despedida,

Que seja ela como queres! Foi entendida!

E nada mais precisas explicar!

Não digas nada! Tudo é silêncio

E compreensão... O entendimento dita,

O que fazer com esta solidão...

Vou procurar atalhos e outros caminhos

E para alguém hei de guardar carinhos

Que não quiseste, em humilhação...

“Já não te quero, é certo...” *( “Mas talvez te queira!...)*

Mas estas cinzas, são cinzas de lareira,

Que não vêm aquecer meu coração...

Fica em silêncio. Nenhuma explicação...

- Já me acostumei a te esperar em vão! -

E quando isto acontece, não mais há solução!...

.............................................................................

Nota: * Versos de Pablo Neruda.

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 10/04/2011
Código do texto: T2899736
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.