Noite (a)dentro
Adentro noite escura e silenciosa
Na angústia dilacerante que me assola
Venho buscar poesia garbosa
Que me sirva de esmola
Sem a tua companhia
Nestas noites de solidão
Não há filosofia,
Nem pensamentos de Platão
Não há nada que me mate a nostalgia
Daqueles tempos de beijos roubados
Tudo agora é pura monotonia
Vivo agora dos momentos passados
Hoje para ti sou página virada
Sou um passado já esquecido
Mas por ti já fui um dia amada
Já foi inteiro este coração partido
Se passas por mim fingindo distração
Se ignoras por completo minha existência
Meu olhar não lhe implora compaixão
Sigo em frente mantendo a aparência
Não penses que irei fraquejar e te procurar
Não há esperança para uma história finda
Sei que logo hei de me conformar
Toda história de amor tem fim, mesmo a mais linda
Meus versos não se preocupam com forma
Só o que me importa é a rima
Pois tudo na vida um dia se transforma
E o que era mais estimado, se desestima
E a minha noite termina assim, com poesia
Deixo no papel este sentimento incoerente
É chegada a hora de recolocar a fantasia
Para esconder de todos (e de ti) a minha dor pungente.