Dom ou sina?
Desfaço o verso e quebro a rima,
A métrica esvai-se;
Desconstruo o amor....quero a paz,
Pois o poeta em paz não se inspira.
O que sugere o verso
E exprime o tom e as cores da poesia
É o descompasso, a arritmia
Do coração que se inflama
Por que viver tomando esse veneno
E derramar em resmas de papel
E tinta esse tormento
A constatar a minha insanidade?
Mas, versejando, eis que, novamente,
Aqui me encontro, reverente,
A refazer os versos, métrica e rima,
Tornando todo o dito incoerente
Não sei se versejar assim é dom ou sina,
Mas Deus assim me criou; então, que seja,
Pois venho amando assim já de outras vidas,
Sofrendo em paz, chorando rimas.