DOCE PAIXÃO

Doce paixão, minha doce ilusão,

Meu instante de febre, minha insensatez,

Meu suave devaneio, meu mais abstrato desejo...

O que fazes agora?

Repousas insegura no leito amargo e frio?

Ou descansa distraída, desejando que amanheça o dia

Para quem sabe desviar-se da dor que deveras sente?

Insolúvel, inexorável e insaciável desejo...

Tudo que espero é somente um beijo,

Não um beijo roubado,

Desejo um beijo doado, entregado, irresistível...

Um beijo que quando chegue a hora nada possa frear,

Nem silenciar, nem oprimir, ou desgostar,

Um beijo que saia do espaço e invada nossos corpos,

Incendiando duas bocas de desejo,

Que de tão grande desejo se tornem uma só.

Minha doce paixão, minha quimera,

Meu deslumbramento, meu engano verdadeiro...

Se em um quadro eu te pintasse

Não seria como a Monalisa: a esconder um sorriso,

Ou como Vênus: a negar um abraço...

O maior mistério estaria nos seus olhos,

Doces olhos, meigos olhos, raptores olhos,

Olhando sempre para longe,

Tão longe que caminha lá no infinito.

Olhos que refletem tua alma pura, amiga,

Sentida, adormecida, trancada, guardada, ferida...

Olhos que desejam dançar, pular de alegria,

Olhos que desejam se entregar

Nos braços de uma grande paixão que talvez a vida levou,

E o tempo se encarregou de lembrar, sempre...

Marcelo de Lima Cruz
Enviado por Marcelo de Lima Cruz em 07/04/2011
Código do texto: T2895015
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