Visão do amor passado

Era final de tarde e chovia muito...
Com minha sombrinha cor- de- rosa,
eu tentava esconder-me do aguaceiro.
A água caía cada vez mais impiedosa,
e no meio de toda essa confusão,
eu o avistei. Seria uma ilusão?

Sentado numa mesa
do restaurante á minha frente,
não parecia triste e nem contente...
Estava vivo e só.

Quanto tempo sem notícias,
sem sabê-lo...
Sem nossos papos, nossos carinhos,
em nosso cativeiro...
Agora distantes e nada mais.

Minha mente então ficou confusa...
O que passou foi ficando tão vago...
Minha memória de reflexos dourados,
não recordava o que houvera de bom.
Na aparência era ele mesmo,
impecável na altivez e nos trejeitos,
recordei-me de quando estávamos sós.

Pena que agora já não tem mais jeito.
A música que tocava está arranhada.
Sobrou apenas uma vitrola quebrada,
com pedaços do que um dia fomos nós.
 
Ana Tortorelli
Enviado por Ana Tortorelli em 06/04/2011
Código do texto: T2893002
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