BRAÇOS ERRADOS
Indescritível dor que em meio ao peito antes sorridente agora assola
Ingresso numa triste e nova escola, que traz ensino aterrador
Achando no avesso do amor um pulo rumo ao chão em certa mola
Onde o coração decola, com as asas arrancadas pelo dissabor!
Grande fracasso é já não mais achar o cheiro que morou em mim
Ter que acreditar num fim que a saudade nunca assimilou
Acostumar-se com a ida de quem ficou, perder a flor mantendo seu jardim
Ouvir o "não" se o coração diz "sim", perder o que me achou!
Nada pode ser tamanhamente cruel como esse massacre
Que dilacera o lacre e faz brotar fontes infindas de fel
Que escureceu meu céu e pôs na boca onde houve mel um acre
Pondo-me em irônico destaque, como desenho apagado num papel!
Pois o presente deu-me um golpe: já decidiu abandonar o meu passado
E deu aquele alguém que tenho amado a quem jamais lhe mereceu
Se a perda tanto me doeu, pior foi ver seu corpo em braço errado
E o seu olhar apaixonado por um alguém que não sou eu!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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