O amor voltou.
Quando o amor renasce desafia toda poeira,
toda ferrugem, toda dor, toda mágoa.
Vira do avesso as veias, as teias,
arranca o medo de todo musgo,
traz do fim do mundo o que tinha ido embora para nunca mais.
Quando o amor volta pra vida o tempo se curva com respeito,
traz luz para o cego, renova o sangue do velho,
faz boca-a-boca no que estava morto só pra ouvir o próprio coração bater de novo,
faz seu fôlego virar couraça só pra vencer tantos desprezos de festim.
Quando o amor deixa de ser a câmbria que engasga a vida,
solta pelos seus poros o sumo que os poetas tanto quiseram desvendar, e nunca conseguiram,
faz a terra sair do seu eixo só pra aplaudir de pé tanta luz.
Quando o amor deixa de ser apenas um gole áspero, seco e arredio,
a fé reencarna só pra esculpir no seu ventre as mãos de Deus,
que fará tudo ficar bonito de novo,
exatamente do jeito como nunca deveria ter deixado de ser.
Pra minha mulher, Quézia.
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