Cidade dos Anjos

Do alto da colina contemplo a cidadela, consigo ver o meu adversário contemplando extasiado seus cofres de jóias. Não tenho rancor ou mágoa, sinto apenas uma tristeza profunda.

Depois de tantas batalhas, umas vencidas e outras não sinto-me cansado. Agora retorno sem feridas aparentes, desta vez não tenho a minha túnica rasgada, não tenho o perfume da luta e minhas armas estão limpas.

Diante de um adversário tão poderoso diante do seu exército de jovens guerreiros, este velho legionário não lutou apenas desistiu. Não foi deserção ou covardia, apenas percebeu que a Cidade dos Anjos não o queria como senhor, portanto volto para casa deixando pelo caminhos pedaços de farda e coração.A Cidade dos Anjos ficará para sempre na minha memória guerreira, está tatuada no avesso na minha alma. E mesmo quando eu parar diante dos seus portões dourados estes nunca se abrirão para mim.

Sepulto então as minhas armas e sentimentos na areia quente do meu regresso. E quando me pedirem histórias de lutas, apenas me recordarei daquela que perdi por não ter lutado e a ninguém revelarei o seu nome, contarei apenas que desejei ser o soberano de um reino de poesia, juventude e de sonhos, e mentirei dizendo que seu nome era Anjo.

J.Valjan

Obs. Encontrei este texto hoje, êle é muito antigo e eu já o julgava perdido.