Por um tempo

Entendi que meu amor não quer ser amado
Mas adorado e venerado com um deus
O meu amor quer estar acima de mortais
E cobra, como deus fosse, um amor incondicional
O meu amor é divino, não por imposição
É divino pela própria essência
Este meu amado, que é a mistura de acertos e erros
Levado e elevado a uma posição que por ora não vê,
Não se dá conta que quem o ama sou eu
Que jamais poderá ser amado como o amo
E nem será mais amado do que o amo
Se não estivesse cegado pelo orgulho veria
Mas o meu amor se deixou ser tragado pelo abismo
Está nele e é com ele que faz amor selvagemente
Deu-se a ele numa embriaguez de palavras vazias
Perdeu-se numa luxúria evidente e errônea
Olho tudo que o rodeia e me entristeço
Conheço cada detalhe, cada reta ou curva que o cerca
Meu amor, que quer ser amado como deus fosse
Está sendo venerado por pagãos como um ídolo
Um dia, em algum ponto sei que será resgatado
De fato ele quer ser amado como criação do divino
E não como o próprio Criador
Sei que há nele entendimento e sei no meu coração
Mas haverá o tempo dos tempos certo para que ele entenda
Eu continuarei amando o meu amor humano como ele é
Com o meu amor que é divino, por ele que é humano
A Deus o que é de Deus, ao homem o que a ele foi permitido
Se quer me detestar, eis então um motivo justo:
Não perderei a minha alma idolatrando um ser humano
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