CALE-ME
Eu te proponho que me obrigues ao silêncio
Que me contenha esse querer intenso, que me amordaces
Neutralizando os ímpetos audazes, afugentando o que penso
Mas se aderires a feito menos denso, tantos empenhos serão fugazes!
Se te permites ao poder da minha sedução
Talvez te ocorra ilusória sensação que poderias me calar
Entorpecer o meu embasbacar, me emudecer a fonação
Porém perceberá todo esse ato vão, quando meu coração por ti falar!
Se pouco tu julgares que sejam essas tentativas
Que te dês a teses argumentativas e palavrórios pertinentes
Impondo panos quentes, seguindo a rota das tantas oitivas
Que seriam improdutivas, por não calarem minhas torrentes!
Perante algo tão sublime, nada reprime o meu impulso
Não há percalço no percurso, não há prudência maior que a ânsia louca
Que me grite tua voz tão rouca, que persista em seu transcurso
Mas se almejas silenciar o meu discurso – beija minha boca!
_ Republicando, a pedidos _
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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